Para entar no decrescimento, a primeira etapa é tomar consciência do nosso condicionamento. O vector principal desse condicinamento é a televisão.
A nossa primeira escolha será libertar-se.Como a sociedade de consumo reduz o humano à sua dimensão económica – consumidor - , a televisão reduz a informação à sua superfície, a imagem. Meio de comunicação da passividade, portanto da submição, ela não pára de reduzir o indivíduo. Por natureza, a TV exige a rapidez, ela não apoia os discursos de fundo. A televisão é poluente na sua produção, na sua utilização e por fim como lixo. Nós preferimos a nossa vida interior, a criação, aprender a tocar instrumentos de música, encenar e assistir a espectaculos vivos...
Para nos informar-mos temos a escolha: da rádio (sem publicidade), da leitura (sem publicidade), do teatro, do cinema (sem publicidade), dos encontros, etc...
2- Libertar-se do automóvel
Mais que um objecto, o automóvel é um simbolo da sociedade de consumo.
Reservado aos 20% dos habitantes mais ricos do planeta, ele conduz inexoravelmente ao suicídio ecológico pelo esgotamento dos recursos naturais (necessários á sua produção) ou pelas poluições multiplas que, entre outras, levam ao aumento do efeito de estufa. O automóvel provoca guerras pelo petróleo das quais a última data do conflito iraquiano. O carro tem também como consequência uma guerra social que conduz a uma morte todas as horas apenas em França (em Portugal também!). O automóvel é uma das epidemias ecológicas e sociais da nossa era.
Nós preferimos: a recusa da hipermobilidade, a vontade de morar perto do nosso local de trabalho, caminhar, a bicicleta, o comboio, os transportes públicos.
3- Recusar apanhar o avião
Recusar apanhar o avião, é primeiro que tudo romper com a ideologia dominante que considera como um direito inabalável a utilização deste meio de transporte.
No entanto, menos de 10% dos humanos já apanharam o avião. Menos de 1% o apanha todos os anos. Esses 1%, a classe dominante, são os ricos dos países ricos. São estes mesmos que possedem os medias e que fixam as normas sociais. O avião é o meio de transporte o mais poluente por pessoa transportada. Devido á sua rapidez ele artificializa a nossa noção de distância.
Nós preferimos ir menos longe, mas de melhor forma, a pé, de carroça, de bicicleta ou de comboio, de barco á vela, com todos os transportes não motorizados.
4- Libertar-se do Telemóvel
O sistema gera necessidades que se tornam dependências. O que é artificial torna-se natural. Como muitos dos objectos da sociedade de consumo, o telefone é uma falsa necessidade criado artificialmente pela publicidade. “Com o telemóvel é contactavel a qualquer momento”. Com o telemóvel nós deitamos fora também os micro-ondas, as máquinas de cortar relva e todos os objectos inúteis da sociedade de consumo.
Nós preferimos ao telemóvel o telefone fixo, o correio, a palavra, mas sobretudo nós queremos existir por nós próprios em vez de tentar esconder o vazio existêncial com objectos.
5- Boicotar a grande distribuição
A grande distribuição é indissociavel do automóvel. Ela des-humaniza o trabalho, ela polui desfigura as cidades, ela mata os centros das cidades, ela favoriza a agricultura intensiva, ela centraliza o capital, etc. A lista de epidemias que ela representa é demasiado longa para ser enumerada aqui.
Nós preferimos: antes de mais consumir menos, a autoprodução alimentar (hortas), o comércio local, os mercados, as cooperativas, o artesanato.
Todo isto nos levará a consumir menos e a recusar os produtos manufacturados.
6- Comer pouca carne
Ou melhor, comer vegetariano. A condição reservada aos animas de criação revela a barbarie tecnociêntifica da nossa civilização. A alimentação carnivora é também uma problemática grave ecológica. Mais vale comer directamente os cereais que utilizar terras agricolas para alimentar animais destinados ao matadouro. Comer vegetariano ou menos carne deve ser também ir de encontro a uma melhor higiene alimentar, menos rica em calorias.
7- Consumir localmente
Quando compramos uma banana das Antilhas, consumimos também o petróleo necessário à sua travessia até aos países ricos. Produzir e consumir localmente é uma das condições essenciais para entrar no decrescimento, não num sentido egoísta, claro, mas ao contrário para que cada povo encontre novamente a sua capacidade de autosuficiência. Por exemplo, quando um camponês africano cultiva cacau para enriquecer alguns dirigentes corruptos, ele não cultiva seja o que fôr para se alimentar e para alimentar a sua comunidade.
8- Politizar-se
A sociedade de consumo deixa-nos a escolha: entre a Pepsi-Cola e a Coca-Cola ou entre o café Delta ou o café de comércio justo Max Havelaar. Ele permite-nos a escolha de consumidores. O mercado não é nem de direita, nem de centro nem de esquerda: ele impõe a ditadura finnceira com o objectivo de recusar todos os debates contraditórios e todos os conflitos de ideias. A realidade é a ecónomia: aos humanos de se submeterem. Este totalitarismo é paradoxalmente imposto em nome da liberdade de consumir. O estatuto de consumidor é considerado superior ao de humano.
Nós preferimos politizarmos-nos, como pessoa, em associações, em partidos, para combater a ditadura das empresas. A democracia exige uma conquista permanente. Ela morre quando é abandonada pelos cidadãos. É tempo de lhes levar as ideias do decrescimento.
9- Desenvolvimento pessoal
A sociedade de consumo precisa de consumidores servis e submissos que não desejam mais ser seres humanos por inteiro. O que eles apenas conseguem graças ao embrutecimento, por exemplo, em frente da TV, pelos “lazeres” ou pelo consumo de neurolepticos (Prozac...).
Pelo contrário, o decrescimento económico tem como condição um deslumbramento social e humano. Enriquecer-se ao desenvolver a vida interior. Priveligiar a qualidade das relações consigo e com os outros em deterimento da vontade de possuir objectos que nos possedem... Procurar viver em paz, em harmonia com a natureza, e não ceder à sua própria violência, ai está a verdadeira força.
10- Coerência
As ideias são feitas para serem vividas. Se não somos capazes de as pôr em prática, elas terão apenas como função fazer brilhar o nosso ego. Nós estamos todos sujeitos ao compromisso, mas tentaremos ter o máximo de coerência. É a condição da credibilidade do nosso discurso. Mudemos e o mundo mudará.
Esta lista não é certamente exaustiva. A vós de a completar. Mas se não procurar-mos esta necessidade de coerência, seremos condenados a viver muito hipocritamente as consequências dos nossos modos de vida. Claro que não existe forma de vida pura na terra. Nós vivemos todos no compromisso e está bem assim.
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