domingo, 28 de dezembro de 2008

A caminho da simplicidade voluntária (parte 1)


O decrescimento pode ter continuidade na vida pessoal de cada um através da escolha da simplicidade voluntária. Uma iniciativa individual que leva a acções colectivas.
Face aos problemas que afectam o nosso planeta, o decrescimento não é uma opção entre outras, é necessária. Não podemos impor um crescimento ilimitado a um planeta, a Terra, fechado e limitado. De facto, um tal crescimento assenta na utilização sempre maior dos recursos do planeta e gera resíduos cada vez mais abundantes; ora, neste momento, já ultrapassamos a capacidade de produção da Terra; consumimos o capital terrestre em vez de aproveitarmos os seus frutos; consumimos a capacidade da Terra de utilizar as suas multiplas substâncias químicas devido às invenções humanas, e para as quais a natureza não tem mecanismos suficientes de metabolização. Resultado: o equilíbrio do planeta tal como o conhecemos e tal como o necessitamos para a nossa sobrevivência está ameaçado a curto prazo. Vinte anos, cinquenta anos, cem anos até que os desastres batam à porta? A maioria vê esta ameaça muito longínqua, apesar de o seu modo de vida estar já, directa ou indirectamente, a ser afectado. E que são estes poucos anos na história da Terra, que data de milhões de anos, ou na história da humanidade, que conta centenas de milhares de anos? À escala de uma vida humana, a história da humanidade vive, talvez, os seus últimos segundos. E que fazemos face a esta perspectiva? Os que podem, consumem cada vez mais, os que não podem aspiram chegar lá o mais rapidamente possível. E os nossos governos puxam a maquina à sua capacidade máxima: “é preciso manter um crescimento contínuo para conseguir criar empregos e suportar o aumento constante do consumo.”.

O decrescimento escolhido ou imposto

Encontramo-nos, neste momento, num cruzamento de caminhos. Para os que conservaram uma certa lucidez, está claro que vamos atingir brevemente os limites inultrapassáveis do uso dos recursos do planeta. Acreditar que a ciência e da tecnologia podem fazer recuar indefinidamente os limites do consumo é apenas um mito perigoso. Os limites estão à nossa porta e são quase inevitáveis; a única dúvida está na ordem da sua entrada em cena. Veremos os nossos filhos criar monstros as custas de todas as substâncias mutagénicas que absorvem todos os dias através do ar que respiram, da água que bebem e dos alimentos que ingerem? A menos que já sejam estéreis, a baixa de produção de espermatozóides já está bem estabelecida no mundo industrializado... As mudanças climáticas transformarão os nossos países em desertos ou em pântanos? (...)

Claro, se nada for feito, e rapidamente, o momento de agir peremptoriamente vai chegar. Face às catástrofes os governos não terão escolha. Mas que tipo de sociedade será construída? Sociedades autoritárias com medidas restritivas impostas à maioria, mas decididas no topo, e podemos estar certos que estas beneficiarão os poderosos. A sociedade desigual arrisca de se tornar ainda mais mal concebida, com privilégios cada vez maiores para uma minoria.
Felizmente, no norte como no sul, mulheres e homens perceberam que globalmente estamos no caminho errado, que a via da mundialização que nos é apresentada como desejável e inegável leva-nos directamente à catástrofe. Perceberam também que já nada há a esperar dos governos, comprometidos e dominados pelo dinheiro. As nossas, assim chamadas, democracias ocidentais nada têm de democrático. Quando nos perguntaram antes de enviar soldados bombardear o Iraque ou o Kosovo? Antes que os alimentos geneticamente modificados terem invadido as prateleiras dos supermercados? Antes de mudar as regras do subsidio de desemprego? Antes de dar cabo do nosso sistema ferroviário? De facto, antes de tomarem todas estas decisões que afectam directamente as nossas vidas? Os que decidem por nós estão comprados pelas classes de capitalistas internacionais. A população aceita esta situação porque se deixa subverter pela forte máquina ideológica do capitalismo.

O maior perigo neste momento é a passividade. Apresentam-nos a mundialização como uma tendência inevitável, dizem-nos que depois do fracasso do socialismo, o capitalismo e a lei de mercado é a única via possível. Nada disto é verdade. Sem conhecer todas as soluções aos problemas sociais e ambientais com que nos deparamos, sem ter uma visão precisa do que será a sociedade ideal. Há certamente outras vias de acção que permitam o progresso para uma ecosociedade, uma sociedade em que os humanos vivam em harmonia entre eles e a natureza. Em suma, trata-se de abolir a submissão à economia e criar uma sociedade que favoreça o bem-estar completo de todos os seus membros.

Como fazer estas mudanças? Não tenho a pretensão de conhecer A estratégia a adoptar que nos leve a essa sociedade desejável onde todas e todos possam viver convenientemente, em comunidades solidárias onde os seus filhos poderão, mais tarde, viver. Mas a minha longa experiencia de militância, as minhas numerosas leituras e as minhas longas horas de reflexão levaram-me à estratégia que se segue. Acredito que por agora é necessário por em marcha acções em três frentes, que estão, aliás, intimamente ligadas:
1)Libertar-se do sistema: a cada um de tomar as medidas de forma a sair da cadeia de sobreconsumo- necessidade de ganhar muito dinheiro- stress e cansaço- passividade. A simplicidade voluntária é uma via que permite reencontrar tempo para viver e agir.
2)Unir-se para fazer mais com menos: desenvolvendo as nossas comunidades locais, damo-nos serviços que permitem viver melhor a menor custo e que responde melhor à totalidade das necessidades.
3)Criar organizações nacionais e internacionais eficazes que permitam que a nossa voz seja ouvida alto e bom som para impedir os governos de continuar esta via neoliberal. Não tenhamos ilusões, o capitalismo não cederá facilmente. Ao poder do dinheiro devemos opor-nos com poder dos números, da imaginação e da tenacidade.
Não tenho intenção de desenvolver aqui as duas últimas acções, mas não gostaria que se pense que é por as julgar menos importantes.

Serge Mongeau
Vers la simplicité volontaire em http://www.decroissance.org/

NT- a 2ªparte estará disponivel assim que possivel.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Um homem morre esmagado por uma multidao de consumidores

29-11-08. Nos Estados Unidos, a "Black Friday", o dia depois do Thanksgiving, marca tradicionalmente o início das compras de Natal com saldos importantes a acontecerem nas lojas que abrem as suas portas de manhã cedinho. Sexta 28 de Novembro, esta tradição tomou uma direcção trágica na Wal-Mart de Long Island, no Estato de New York. Um empregado que vinha de abrir as portas para deixar entrar a multidão impaciente foi esmagado pelos clientes que se dirigiam aos produtos expostos. O homem, de 34 anos, morreu dos ferimentos. Pelo menos 4 pessoas ficaram feridas, inclusive uma mulher grávida, e foram hospitalizadas depois do incidente. Outros empregados da loja ficaram feridos enquanto tentavam ajudar o seu colega.
Kimberly Cribbs, que fazia parte das cerca de 2000 pessoas plantadas em frente do Wal Mart, afirma que os clientes se comportaram “como selvagens”. “Quando disseram às pessoas de sair porque um empregado tinham morrido, começaram a gritar: já há um dia que fazemos fila para entrar. E continuaram a fazer as suas compras”, disse à Associated Press. Como nos relembra a New York Times, tais cenas de histeria “tornaram-se normais durante o período chamado Black Friday”. “Foi uma tragédia, mas ao mesmo tempo sente-se que não foi um acidente”, denota o diário nova-iorquino, relembrando que nos Estados Unidos, comprar é “um desporto de contacto” e que as lojas sempre foram boas na arte “de criar um sentimento de falta quando estamos em plena abundância, uma ansiedade que nos obriga a agir imediatamente para não ficarmos à margem”.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Nova E-zine


A Ecological internet acaba de lançar uma nova E-zine
The new earth rising http://www.newearthrising.org/
que promete empenhar-se no pensamento e acção para chegar a uma ecologia global de sustentabilidade. O primeiro numero tem diversos artigos interessantes, vamos ficar atentos!



Um excerto do artigo Transforming Toward Sustainability de

"As long as the goal of expanding production and consumption is considered legitimate, we are in danger of overshooting planetary limits and collapsing. When sustainability gains legitimacy, as our primary goal, the possibility will emerge for evolving a mature social form, capable of long-term well-being. It is a Question of Direction.

"Enough" is the cue indicating physical maturity. A caterpillar spends its entire life gathering natural resources and growing. When it is big enough, it stops growing and undergoes a change of purpose. The butterfly that emerges from its cocoon is beautiful, it lives very lightly on the Earth, sipping the nectar of flowers, and its primary purpose is to launch the next generation.

This image speaks to a sustainable future. If we were to gather our satisfaction from the beauties of life and use the material world primarily to provide nutritious food and energy efficient shelter, we too could safely usher the next generations."

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

2ª reunião de preparação da caminhada pelo decrescimento

DIA 13 Setembro (sábado), 16h no Jardim da Gulbenkian (junto ao lago, do lado da esplanada) - Lisboa
Por uma vida simples e solidária!


Quantos bibelos precisamos para sermos felizes?
A sobreprodução de todo o género de objectos de consumo futil transformou-nos, de cidadãos a consumidores. Tendo em conta que todo este frenesim consumista se baseia no petroleo barato e na sobre exploração dos recursos terrestres finitos, que futuro contamos deixar aos nossos filhos?
Debater e reflectir, experimentando uma forma de viajar simples mas rica em calor humano, tentando abranger todos por onde vamos passando, foi o que nos levou a tentar organizar uma caminhada pelo decrescimento em Portugal.

Informacoes: 964362223

sábado, 26 de julho de 2008

Primeira reunião - Decisões tomadas

Como previsto, decorreu no sabado passado a primeira reunião de organização de uma caminhada para 2009.
O que se decidiu:

Encontramos um nome: Caminhada pelo decrescimento

Criou-se um grupo de discussão para a organização: aberto a todos - para se tornar membro vá a: http://groups.yahoo.com/group/caminhadapelodecrescimento/

Discutiu-se tambem um possivel percuso, epoca do evento e as questões praticas, não tendo ficado nada de concreto decidido por se tratar de uma reunião inicial. Este blog servirá de plataforma para a divulgação e diário da organização. Não hesitem a contribuir, dar sugestões, ideias, etc.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Primeira reunião

Vai acontecer no próximo sábado, dia 20/07/08, a primeira reunião de organização da Caminha de pós crescimento em Portugal (para 2009), pelas 17h na Horta popular da Mouraria (http://horta-popular.blogspot.com/), na intersecção da Rua Damasceno Monteiro com a Calçada do Monte, em Lisboa.

Aberta a todos os que queiram participar ou apenas saber o que é!

(demarche 2007, Bélgica)

quarta-feira, 9 de julho de 2008

A caminhada do pós-crescimento 2008


Eu participei na caminhada de 2007, e pergunto-me se não seria interessante organizar uma caminhada em Portugal. Mostrar as pessoas uma forma diferente de estar na vida e de viajar, dar o exemplo, é uma forma muito eficaz de luta, e uma experiência muito gratificante para quem participa. Eu estou pronta a dar corpo e alma á organização de uma marcha em 2009 (talvez não em Julho e Agosto, uma altura um pouco mais fresca é capaz de ser melhor), mas não posso faze-lho sozinha...

O Pós-crescimento no País negro (A caminhada do pós-crescimento 2008)

Charleroi (NT. Bélgica) vai acolher a “démarche de l'après-croissance” (NT. Marcha do pós-crescimento). É a ocasião para reflectir sobre um princípio que, para os participantes, já demonstrou os seus limites.

Suscitar o debate, ao nível ecológico, mas também no plano económico e social, tendo como objectivo, um questionamento do nosso modo de vida. Tal é a marcha dos caminhantes do “pós-crescimento” que, desde o final de Junho, fizeram-se à estrada ou que a “apanharão”, por uma etapa ou mais se tal lhes aprouver.
No ano passado, ao ritmo do seu burro fetiche, eles tinham atravessado o sul do Hainaut e a região de Namur (NT Bélgica). Este ano vão passar pela região de Charleroi (NT- Bélgica).

Objectores de crescimento” Como o nome indica, a marcha, independente de todos os partidos políticos, sindicatos ou associações, reúne “objectores de crescimento”. Ou posto de outra forma, cidadãos que se interrogam sobre o crescimento económico da produção e do consumo nos países fortemente industrializados.
Pois esse crescimento, tendo-se tornado, aos seus olhos, um fim em si, sem responder às expectativas em termos de emprego, levou o mundo ocidental a um nível bem longe da distribuição justa do acesso aos produtos e aos recursos naturais, como nos adverte cruelmente a crise energética actual... Sem falar da degradação ambiental. E não é o famoso “desenvolvimento sustentável” que, para estes objectores, vai mudar grande coisa: é um conceito difuso que apenas serve para apertar, cada vez mais, a corda que nos aperta o pescoço...

Menos bens, mais laços Mas os objectivos da caminhada são mais concretos. É um local de trocas, de debates, de partilhas, de vida comunitária, na linha do slogan do decrescimento “ moins de biens, plus de liens” (NT menos bens, mais laços (afectivos, entenda-se)). É ter tempo para ir ao encontro dos outros, caminhantes e anfitriães que os acolhem no decurso da caminhada.
A Marcha está também muito orientada para a natureza e pelo respeito desta, nomeadamente tentando reduzir a pegada ecológica e privilegiando a utilização de bens de circuitos locais de produção, biológicos de preferência. Enfim, é alimentar a reflexão com iniciativas que permitam o respeito pelo planeta e os que aí vivem.

Qualquer um, qualquer que seja a sua idade, pode participar na marcha, o tempo que entender, e a todo o momento. As etapas não ultrapassam os 10 km diários. Não é preciso levar provisões, pois a alimentação é comprada dia à dia a produtores locais por um preço modesto. Já um equipamentozito de campismo convém levar.

Informações: www.demarche.org/2008

Benoît WATTIER
Vers l'Avenir de 9 de Julho 2008
(http://www.votrejournal.be/article/regions/provincehainaut/infoshai/l%C2%ABaprescroissance%C2%BB_au_pays_noir/166915.aspx)



sexta-feira, 4 de julho de 2008

Vida Verde 2008 - Update

Novas informações relativas ao VV 2008:

22 a 31 de Agosto (datas definitivas)

NoVale do Dragão - Quinta do Tapado
Fiais da Beira no Conselho de Oliveira do Hospital

Tambem novo site internet:
http://www.vida-verde.net/

Tambem novo site internet:


quinta-feira, 19 de junho de 2008

COMER LOCALMENTE, PENSAR GLOBALMENTE

Prof.ª Dr.ª Isabel do Carmo
Médica Especialista em Endocrinoloia e Nutrição

A ALIMENTAÇÃO E OS NOVOS MEIOS DE PRODUÇÃO
Os alimentos, tal como os outros produtos, estão hoje sujeitos a novas estruturas e meios de produção. No princípio do século XX ainda havia a agricultura tradicional. A meio do século XX instalou-se a indústria agro-alimentar, que tende a controlar tudo desde a semente até à comercialização dos produtos alimentares. Os novos meios incluíram a introdução de máquinas, que diminuíram o número de trabalhadores agrícolas e incluíram também meios químicos, como fertilizantes e pesticidas. A agricultura industrializou-se e a produção intensiva foi instalada. Nos últimos anos a produção de alimentos adoptou os meios da restante indústria - a informática. Também nesta área o reino da electrónica estabeleceu-se sem fronteiras. A rapidez de comunicação e de aplicação dos mesmos métodos trouxe uma mudança ao nível do objectivo e subjectivo, no que diz respeito à noção de espaço e tempo.

AS NOVAS FORMAS DE ESTRUTURA ECONÓMICA
Pode-se assim aplicar à análise da produção alimentar aquilo que se aplica a qualquer outro produto. No entanto, temos sempre que nos lembrar que se trata de um produto essencial à vida e com uma parte da produção obrigatoriamente ligada a um lugar, porque está ligada à terra. Porém, aquilo que se verifica é que há, na produção alimentar, uma abolição de fronteiras, uma abolição do conceito de nação e mesmo uma abolição do estado. Trata-se de um internacionalismo ... económico.

Ler continuação (em formato pdf) aqui

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Encontro Vida Verde 2008

O Encontro Vida Verde 2008 realizar-se-á na ultima semana de Agosto, em Oliveira do Hospital. Todos os voluntários para a preparação do evento são bemvindos.

VIDA VERDE - INTRODUÇÃO, FILOSOFIA E OBJECTIVOS:

O que é o Vida Verde:
Vida Verde é um Encontro exclusivamente dedicado à partilha de práticas ecológicas, em que uma das finalidades é informar, sensibilizar e proporcionar a todos os participantes os conhecimentos e a sabedoria para viver uma vida mais Simples, Natural e Sustentável, que esteja em harmonia com a Natureza e com as pessoas.

A crescente instabilidade social e económica no planeta, cujas repercussões agravam severamente o ambiente, levam a que cada vez mais indivíduos e famílias comecem a procurar formas alternativas de vida que não sejam destrutivas e que, acima de tudo, sejam mais equilibradas, sustentáveis e justas, a nível ambiental e social.

Face às irreversíveis alterações climáticas e consequentes necessidades de adaptação, urge criar novos paradigmas de vida que minimizem ao máximo o impacto negativo no ambiente natural e social. Para que isto seja possível é necessário reduzir o consumo, reaproveitar recursos recicláveis evitando todos os desperdícios, reflorestar e adoptar métodos de agricultura ecológica, utilizar energia de fontes renováveis retendo-a ao máximo, implementar economias locais auto-reguladas e independentes dos macro-sistemas económicos, entre muitas outras abordagens mais sustentáveis.

Para mais informações ver o site:
http://vidaverde.eco-gaia.net/

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Semana sem TV - de 21 a 27 de Abril


És capaz de passar uma semana sem televisão??
Sejamos realistas, está na altura de escolher, a TV ou o planeta. A empresa do embrutecimento televisual ou um futuro desejável?

Vá sai da caixa! Estás fechado nela em média 3h30 por dia. Não vais passar a vida nessa prisão mental. Não vais deixar que todos esses animadores idiotas te despertem. A semana sem TV é a ocasião para partir o vidro, para se libertar da maquina de embrutecer. Vá anda, temos uma vida para viver e um mundo para transformar.