- A produção de petróleo atingiu o seu pico em 2006 e cairá todos os anos
- Um declínio na produção de gás, carvão e urânio está igualmente previsto
A produção mundial de petróleo já atingiu o seu pico e cairá para metade em 2030, de acordo com um relatório que alerta igualmente que esta escassez de combustíveis fosseis poderá iniciar guerras e rupturas sociais. Um grupo alemão de monitorização da energia (EWG) divulgou a 22 de Outubro, 2007, um estudo que mostra que a produção global de petróleo atingiu o seu pico em 2006 - bastante mais cedo do que a grande parte dos peritos previram. O relatório, que prevê uma descida percentual na produção por ano, chega após os preços do petróleo ter atingido novos recordes quase todos os dias na semana precedente, atingindo nessa sexta feira mais de 90$ o barril.
“Em breve o mundo não poderá produzir todo o petróleo que necessita, pois a procura está a aumentar enquanto a oferta esta a diminuir. Este é um enorme problema para a economia mundial.” Disse Hans-Josef Fell, fundador do EWG. O autor do relatório, Joerg Schindler, disse que a descoberta mais alarmante foi o declínio da produção de petróleo se produzir por saltos depois do pico, que já ultrapassámos segundo o autor. Estes resultados contrastam com as projecções da agência internacional da energia, que diz que existe poucas razões para nos preocuparmos com as reservas de petróleo neste momento. No entanto, o estudo do EWG baseia-se sobretudo na produção actual do petróleo, dados que, segundo o relatório, são mais fiáveis que as estimativas das reservas subterrâneas. O grupo afirma que as estimativas oficiais da indústria são de 1.255 giga barris – equivalente a 42 anos de abastecimento à taxa de consumo actual. Mas pensa-se que afinal estas são de apenas 2 terços desse número.A produção global actualmente é de 81 milhões de barris por dia – os peritos da EWG estimam que caia para 39 milhões em 2030. Prevê também fortes descidas na produção de gás, carvão e urânio pois estão a esgotar-se, produção britânica atingiu o seu pico em 1999 e já caiu para metade. O relatório apresenta uma visão sombria do futuro a não ser que uma abordagem radicalmente diferente seja adoptada. Este cita o economista britânico David Fleming: “A escassez antecipada do abastecimento poderá facilmente levar a cenários perturbantes de massas em fúria como as da Birmânia este mês. Para o governo, a indústria e para o grande público, apenas passar atabalhoadamente pela situação já não é uma opção pois esta situação pode sair completamente fora de controlo e tornar-se na total liquefacção da sociedade.”Schnidler chega à mesma conclusão: “O mundo está no início de uma mudança estrutural do seu sistema económico. Esta mudança será despontada pelo declínio do abastecimento de combustíveis fosseis e irá influenciar todos os aspectos da nossa vida quotidiana.”.
Jeremy Leggett, um dos ambientalistas britânicos mais proeminentes e autor de Half Gone, um livro sobre o “pico do petróleo” – definido como o momento em que a produção máxima é atingida, afirmou que tanto o governo britânico como a indústria da energia estão em “negação institucionalizada” e que medidas activas já deviam ter sido tomadas.
“Quando eu era conselheiro do governo, propus que fosse constituída uma “força de acção” para ver quão rapidamente o Reino Unido conseguia usar as tecnologias das energias alternativas in extremis, como o pico,” afirmou. “Outros conselheiros da indústria apoiaram essa ideia. Mas o governo prefere adormecer o assunto sem sequer fazer um estudo de contingência. Para todos os que sabemos que um pico do petróleo prematuro apresenta um perigo presente é impossível compreender uma tal complacência.” Fell afirmou que o mundo tinha que se orientar rapidamente para o emprego massivo de energias renováveis e para um aumento drástico da eficiência energética, ambos como forma de combater as mudanças climáticas e de forma a assegurar que as luzem fiquem acesas. “Se fizermos tudo isto podemos não ter uma crise energética.”
Ele acusa o governo britânico de hipocrisia. “Tony Blair e Gordon Brown têm falado muito sobre as mudanças climáticas mas não puseram em prática nenhuma politica decente de aumento do uso das renováveis (energias),” afirmou. “é por isso que andam a falar do nuclear e da captura e do armazenamento de carvão.”
Ontem, um relações públicas do departamento de negócios e empresas disse:
“Nos próximos anos a produção e capacidade de refinamento global de petróleo vai aumentar mais rapidamente que a procura. Os recursos petrolíferos mundiais são suficientes para manter o crescimento económico para o futuro próximo. O desafio vai ser trazer esses recursos para o mercado de forma a assegurar a sustentabilidade, a tempo, de confiança e barato das fontes de energia.”
A politica germânica, que garante pagamentos acima dos preços do mercado as energias renováveis, está a ser adoptada em muitos países, mas não na Grã-Bretanha, onde as energias renováveis geram cerca de 4% da electricidade do país e 2% da energia total necessária.
Ashley Seager
Segunda feira, 22 de Outubro, 2007
The Guardian
http://www.guardian.co.uk/oil/story/0,,2196435,00.html
Mais informações sobre o pico do petróleo - http://peakoilportuguese.blogspot.com/
Um comentário:
Obrigado pela referência ao meu blogue. Este é um assunto tão urgente quanto o momento actual, com o petróleo a atingir os 96 dólares por barril (o máximo de sempre) e a caminhar a passo largos para os 100 dólares. É bom lembrar que em 1999 o petróleo chegou a custar 10 dólares, 9 vezes menos.
Cumprimentos
Luís Rocha
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